Battle Born

Ainda faltavam oito dias para o lançamento oficial, mas, como já era costume desde o início do mês, chequei o site antes de deitar. Ainda nada.

Às 9h do dia seguinte, 11 de setembro, o despertador do celular tocou e, ao abrir os olhos para desligá-lo e voltar a dormir, vi na tela: “abra seu e-mail”. Poderia ser apenas mais uma simples mensagem, mas eu sabia que não era e tinha certeza do que iria encontrar. Acessei o e-mail ainda pelo celular, apenas para confirmar: quatro anos de espera chegavam ao fim.

Ainda esfregando os olhos, levantei da cama e liguei o computador. Vinte e quatro longos minutos depois, Battle Born já estava em meu iPod. À essa altura, a ansiedade, que achei que chegaria ao fim, apenas cresceu. Mesmo assim, me controlei para não começar a ouvir sequer uma faixa antes de poder fazê-lo sem interrupções.

Me vesti, comi uma banana e tomei um copo d’água. Ir para o trabalho nunca foi tão animador. Assim que pisei fora de casa, pluguei os fones no ouvido e apertei o play. Os sintetizadores deram sinal de vida.

Flesh and Bone não era exatamente o que eu esperava e uma pontinha de medo e decepção tomou conta daquele momento. Mas, em seguida, veio Runaways, que soou como velha conhecida e me deixou mais otimista. A próxima foi a faixa-título que, desde o primeiro riff de guitarra, fez com que tudo se encaixasse novamente. Deadlines and Commitments foi amor à primeira “ouvida” e, a partir daí, eu já não tive mais desconfianças e soube que, mesmo quatro anos depois, tudo continuava da mesma forma que foi deixado.

Eu não saberia analisar Battle Born porque todas as minhas palavras seriam extremamente suspeitas. O que eu sei é que, enquanto ouvia as 14 faixas inéditas, eu estava na rua, cercada por gente desconhecida, que nunca vi na vida. E mesmo assim, foi como encontrar a chave e o caminho de volta para casa.

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Day & Age

Quando Day & Age foi lançado, em novembro de 2008, eu ainda estava curtindo minha paixão tardia pelo Sam’s Town. Mas assim que me deparei com o clipe de Human, primeiro single do terceiro álbum do Killers, na televisão, me encantei com o visual glam de Brandon Flowers, o Grand Canyon como cenário e, claro, a música. 

Sam’s Town foi o responsável por me reapresentar ao Killers e me fazer descobrir que existia muito por trás da “banda de Somebody Told Me”. Mas Day & Age me fez sentir aquela clássica sensação de que as músicas haviam sido feitas especialmente para mim. Que cada batida era uma espécie de conexão inexplicável com pessoas que eu nunca vi e que nem sabem que eu existo.

Todas essas sensações e sentimentos foram confirmados no dia 21 de novembro de 2009, quando a banda veio para o Brasil e me proporcionou um dos melhores momentos dos últimos tempos. E foi assim, em meio a lama, caos e Killers, que aprendi que ser fã de verdade é muito mais simples do que conhecer todas as músicas e ter todos os álbuns: é apenas sentir sem precisar entender ou explicar.

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Sam’s Town

Sam’s Town, o segundo álbum do The Killers, foi meu presente de Natal em 2006. Na época, ainda estava me recuperando da overdose de Hot Fuss e, por isso, acabei não dando a devida atenção ao novo trabalho da banda. Quase dois anos depois, durante um momento de conhecer coisas novas e resgatar antigas, decidi dar outra chance ao Sam’s Town. E essa foi uma das melhores coisas que fiz na minha “trajetória” musical.

Quando ouvi Sam’s Town com carinho, me encantei por músicas como Read My Mind, For Reasons Unknown e Bones. Depois, passei a amar as faixas menos conhecidas, como Bling (Confessions of a King) This River is Wild. A essa altura, eu já estava apaixonada e já havia me embrenhado por um caminho cuja volta eu nunca vou querer encontrar.

No segundo álbum, os sintetizadores continuaram em destaque, mas de um jeito que viria a se tornar uma das maiores características do Killers. A guitarra de Dave Keuning apareceu com mais força, Brandon Flowers mostrou mais personalidade ao impor sua voz e estilo e as letras também vieram mais ricas e cheias de significados. Considerado por alguns como “conceito”, o álbum, nas palavras do próprio Brandon, conta, em ordem cronológica, tudo o que foi importante para que ele chegasse onde chegou.

Por tudo isso, não importa quantos bons álbuns eles ainda irão produzir. Eu sei que Sam’s Town sempre será dono de um espaço especial simplesmente por ser tão cheio de… Killers.

E foi assim que eu aprendi a valorizar o timing.

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Hot Fuss

Em 2005, em meio à nova onda de bandas indie, a agitada Somebody Told Me estourava nas rádios. A música era o primeiro single do primeiro álbum do The Killers, Hot Fuss, e eu ainda me lembro, como se fosse ontem, da primeira vez que a ouvi: em um CD homemade (faixa 2), enquanto virava uma esquina perto de casa de carro. Apesar de não fazer exatamente meu tipo, Somebody Told Me me cativou e me levou a ouvir o resto de Hot Fuss até, literalmente, cansar.

Até hoje, alguns críticos e entendidos da música (o que não é meu caso) apontam Hot Fuss como o melhor álbum do Killers. E dá para entender. Afinal, com influências de bandas como Duran Duran, Depeche Mode e The Cure, ele foi, de certa forma, revolucionário, trazendo de volta elementos oitentistas modernizados e transformando o glamour e as luzes de Las Vegas em notas musicais.

Eu, como amante da música, reconheço a qualidade técnica e entendo a importância do Hot Fuss para o Killers e também para o cenário musical. Mas, como fã da banda, não consigo enxergar com tanta clareza a alma de Brandon Flowers e companhia nesse primeiro álbum. E conforme o tempo passa e eu continuo escutando todos os trabalhos do Killers, mais certeza eu tenho de que não estou completamente errada.

Por isso eu digo que música, para mim, é feeling.

Rapidinhas

Jenny was a friend of mine: com baixo poderoso, mostra o lado mais “pesado” do Killers e, até hoje, continua no setlist dos shows da banda. A música narra o assassinato de Jenny do ponto de vista do assassino e é a terceira parte da “trilogia da morte”, composta por mais duas músicas da banda, Midnight Show e Leave The Bourbon on The Shelf.

Mr. Brightside: queridinha dos fãs, foi o segundo single do Killers e é a única música que a banda tocou em todos os shows sem exceção, desde o início da carreira. O clipe traz o glamour, que remete a Las Vegas, e um Brandon Flowers performático e melodramático.

Smile Like You Mean It: faixa subestimada que mostra um pouco do lado mais dark do Killers.

Somebody Told Me: a responsável pelo estouro do Killers conta com sintetizadores afiados, ritmo dançante e letra perspicaz. É boa, mas, para mim, não traz a essência da banda.

All These Things That I’ve Done: para mim, a música mais poderosa do álbum e um dos hinos do Killers. Costuma levantar multidões nos shows da banda, principalmente no já icônico trecho “I’ve got soul but I’m not a soldier”, que Brandon entoa como se fosse um mantra.

Andy, you’re a star: mostra o lado mais indie da banda de Las Vegas.

On Top: sintetizadores afiados e clima moderno definem a faixa.

Change your mind: com guitarra caprichada, é uma baladinha romântica digna daquele momento de dor de cotovelo.

Believe Me Natalie: também com presença forte dos sintetizadores, mas mostrando um lado mais calmo, que seria melhor explorado no álbum seguinte da banda.

Midnight Show: segunda parte da “trilogia da morte”, segue o mesmo estilo de On Top. 

Everything Will Be Alright: mostra o lado mais experimental da banda. Bem cara de fim de CD.

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Trippin’ on a hole

Depois de meses de sumiço e algumas reviravoltas da vida, acho que estou pronta para voltar ao blog. Mas, dessa vez, algumas coisas serão diferentes. Não quero mais “bloggar” – e, se tiver alguém aí, por favor, não ache que estou cuspindo no prato que comi. É que, por muitos anos, eu quis ter um “blog de sucesso”, seja lá o que isso significa. E tive a sorte de ter experiências bem-sucedidas, mas, agora, acho que chegou a hora de voltar às origens e fazer algo para mim.

Quero visitar outros blogs e ler outros textos apenas pelo prazer de fazê-los e não porque “devo” visitas e comentários. Assim como quero escrever apenas para registrar, refletir e desabafar e não mais pensar em como agradar meus “leitores”.

Escrever é algo que também faço por ofício, mas fazê-lo sem propósitos sempre será minha paixão e terapia. Sempre será um “lugar” onde me sinto bem comigo mesma. Mas, acima de tudo, sempre será o que mais me inspira ao mesmo tempo em que é onde deposito todas as minhas inspirações. Por isso, acho que preciso desse espaço para dar continuidade a esse ciclo e escrever sem precisar colocar um ponto final.

Quem quiser ler, comentar e opinar será, como sempre, bem-vindo. Mas não esperem grandes coisas, pois eu mesma não sei o que está por vir.

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Ah, o futebol…

Por que as pessoas gostam de Michel Teló, UFC, novelas e Crepúsculo? Apesar de realmente não saber, eu acho que posso entender. Música, esporte, cinema (e derivados) e literatura são apenas alguns dos assuntos que provocam aquele sentimento chamado paixão. Aquele tipo de coisa que a gente não sabe bem explicar, mas acredita sentir como ninguém mais. E, dentro do esporte, temos o futebol que, na minha opinião, é um dos mais fortes combustíveis para a tal da paixão.

Ah, o futebol… eu sei que, para quem não gosta, é quase impossível entender qual a graça, a lógica e, principalmente, a razão de torcer para um time. Afinal: o salário dos jogadores é provavelmente maior do que o valor que você vai ganhar em um ano (ou na vida); torcer para um clube não te acrescenta em nada e, quando ele vence, você não recebe bonificações – os jogadores, sim; são só 22 caras correndo atrás de uma bola – e eles nem sabem que você existe; o universo do futebol é sujo; todo ano é a mesma história, os mesmos clichês; com tantos problemas no mundo, é sério que você vai se descabelar por futebol? …

… Blá, blá, blá. E não vale a pena, para nenhum dos lados, levar essa discussão adiante. Porque futebol também é paixão e ninguém é obrigado a compreender e a compartilhar. No entanto, eu realmente não entendo (e, não, isso eu nunca vou entender) por que existem pessoas que se acham melhores do que aquelas que gostam de futebol e torcem, sofrem, vibram e choram por um time. E, infelizmente, esse sentimento de superioridade acontece também com outros temas, mas é que hoje está impossível não falar sobre esse.

Bom, como eu sempre digo, ninguém é e nem precisa ser uma coisa só. E eu nem quero as pessoas entendam a complexidade (ou seria simplicidade?) desse sentimento, independente dele ser em relação ao futebol ou não. Só espero, de verdade, que tenham outras paixões. Porque a vida deve ser triste quando nada que não seja a seu respeito é capaz de te inspirar.

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Fall to Pieces – A Memoir of Drugs, Rock ‘n’ Roll and Mental Illness

Mary Forsberg Weiland é ex-mulher de Scott Weiland, vocalista do Stone Temple Pilots, e Fall to Pieces – A Memoir of Drugs, Rock ‘n’ Roll and Mental Ilness é sua autobiografia. Sim, à primeira vista, Fall to Pieces parece um “golpe” típico da ex-mulher de um rockstar, apenas uma maneira de se fazer notar. No entanto, depois de vencer esse preconceito e começar a ler o livro, você descobre que se a autobiografia de Mary é mesmo uma tentativa de autopromoção, então, ela está sob um disfarce bem convincente.

Como o próprio nome já diz, Fall to Pieces – A Memoir of Drugs, Rock ‘n’ Roll and Mental Illness conta a história da ex-modelo com as drogas, o rock e o Transtorno Bipolar. Mas é claro que grande parte do livro é dedicada a Scott, afinal, os dois se conheceram quando Mary tinha apenas 16 anos e vivem/viveram uma história que já dura mais de 20. Se em sua própria autobiografia, Not Dead and Not For Sale, Scott não deixa dúvidas de que Mary é a mulher de sua vida, em Fall to Pieces, é possível entender a reciprocidade e autenticidade desse amor. Fiquei encantada com as histórias contadas pelos dois e é nítido que realmente existem muitos sentimentos verdadeiros entre eles. Depois de ler Not Dead and Not For Sale, a autobiografia de Scott, foi interessante saber do “outro lado”. É curioso ver como homens e mulheres realmente contam as mesmas histórias de maneiras diferente – e cada forma tem seu charme.

Mary considera seu senso de humor apurado uma de suas maiores qualidades e sua autobiografia nos obriga a concordar. Em vários momentos do livro, ela literalmente faz rir com suas piadas sarcásticas e observações irônicas. Sua autobiografia também tem momentos bem emotivos, mas na  medida certa, sem ser piegas. Só não dei nota máxima para a leitura porque, em alguns momentos, Mary explica muitas coisas sobre o Transtorno Bipolar. E não acho que  esse seja um problema, já que uma das intenções dela com o livro (e também um dos seus projetos de vida) é justamente ajudar pessoas que sofrem com a doença a encontrar o diagnóstico correto. No entanto, essas “intervenções” comprometem um pouco o ritmo da leitura, sim.

Mary e Scott ♥

A grande qualidade de Fall to Pieces – e acredito que um dos caminhos mais certeiros para qualquer biografia – é a sinceridade destemida de Mary. Ela conta muitas história em seu livro e, ao que tudo indica, sem grandes censuras: algumas são quase um conto de fadas, mas, infelizmente, a maioria não é tão doce assim. E é justamente esse lado tão real e humano que torna a autobiografia tão interessante e inspiradora. O que está nessas páginas foi escrito de coração e parece simbolizar a nova fase de Mary: agora, ela está com a alma lavada para continuar seguindo o novo rumo que sua vida tomou.

“Will I find you? Can I find you?”

Título original: Fall to Pieces – A Memoir of Drugs, Rock ‘n’ Roll and Mental Illness
Autor: Mary Forsberg Weiland com Larkin Warren
Ano: 2010
Páginas: 292
Tempo de leitura: 10 dias
Avaliação: 4,5 estrelas

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Por que é gostoso ir ao estádio?

As férias de janeiro de 2000 tiveram um sabor especial para mim. Estava no auge da minha paixão pelo Corinthians e não poderia estar mais feliz: meu time havia acabado de ser bicampeão brasileiro e estava disputando o primeiro Mundial Interclubes da Fifa. No dia 7 de janeiro daquele ano, o Corinthians iria enfrentar um adversário poderoso, o Real Madrid, de Roberto Carlos e Raul. O jogo seria quente, mas de torcida única, por isso, meu pai achou que seria uma boa ideia me levar pela primeira vez ao estádio – o jogo seria no Morumbi. Saímos de casa e eu lembro até da roupa que eu estava usando: uma camisetinha vermelha e macacão jeans. Mas chovia tanto que, quando chegamos à Rua da Consolação, meu pai achou melhor voltarmos. Segundo ele, eu não fiquei brava, só um pouquinho triste, mas lembro de ter ficado aliviada por chegar em casa a tempo de assistir ao jogo.

Eu não fui ao jogo, mas, 9 anos depois, um amigo que foi fez questão de me presentear com o ingresso :)

E as previsões não erraram, o jogo foi quente. Aos 18 minutos do primeiro tempo, Anelka marcou para o Real Madrid. Dez mais tarde, Edílson deixou tudo igual, para depois virar. Anelka deu o troco e igualou o placar mais uma vez. Quando tudo parecia definido, Anelka, de novo, sofreu falta na grande área. Chutou forte, mas foi impedido de comemorar por Dida, que fez jus à fama de muralha e defendeu mais um pênalti. O placar ficou 2 a 2 e esse foi o melhor jogo que eu não fui.

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Oito anos depois desse episódio, fiz, enfim, minha estreia no estádio. Dessa vez, a situação era um tanto diferente: o jogo era contra o São Caetano, o estádio era o Pacaembu e o campeonato era a Série B do Brasileirão. Mas a minha ansiedade era digna da criança de 11 anos que eu era em 2000. O jogo foi apenas 1 a 0 para o Corinthians, mas ver aquele único gol ao vivo e sentir a vibração da torcida, literalmente, na pele me fez amar estar ali. Naquele ano, voltei ao estádio mais 3 vezes. Vi um empate suado (Corinthians x Santo André) e duas vitórias tranquilas (Corinthians x Paraná e Corinthians x Fortaleza), que apenas reforçaram o quanto eu realmente gostava de viver aquilo. Mas, depois dessas 4 vezes, não sei bem o porquê, ir ao jogo virou algo raro.

Desde a minha estreia, em 2008, fui apenas 12 vezes ao estádio (e só 5 foram partidas do Corinthians) e, por isso, não posso dizer que sou uma frequentadora assídua. No entanto, toda vez que vou ao jogo, parece que tenho 11 anos de novo. A mágica começa quando entro no estádio e vejo aquele verde tão verde do gramado. Ainda me impressiona pensar que tanta coisa acontece “dentro” daquele retângulo marcado por linhas brancas. Em seguida, vem aquela sensação, que mistura medo e animação, otimismo e pessimismo, e só cresce quando o apito soa e a bola rola. Cada lance é uma surpresa em tamanho real (ou quase isso) e, em alguns momentos, até gritamos “GOL” na hora errada, tamanha é a vontade de comemorar. Mas quando ele finalmente acontece, não existe sensação igual. Você simplesmente sabe o porquê de estar ali. Às vezes, 90 minutos parecem pouco. Outras, muito. Às vezes, parece que a bola rola em câmera lenta. Em outras, ela rola rápido demais. O resultado nem sempre é satisfatório e não há frustração pior do que sair do estádio sem ver um gol sequer. Mas (quase) nada é capaz de arruinar esse momento.

No último domingo, foi a primeira vez que estive no estádio quando o Corinthians perdeu e foi eliminado. Sim, foi triste. Mas muito menos do que se eu estivesse em casa, sozinha. Estar ali me fez sentir confortável por poder dividir a minha frustração com tanta gente, ainda que em silêncio. Ao mesmo tempo, ouvir a vibração da torcida, mesmo com a derrota, lava a alma e faz esquecer um pouco a decepção. Porque aquilo é verdade, é Corinthians e, acima de tudo, é futebol. E é por isso que gosto tanto de ir ao estádio. Porque me faz lembrar da minha paixão na infância e do jogo que nunca fui, mas que guardo com todo o carinho. Me faz sentir à flor da pele e, de vez em quando, isso é bom. Mas , principalmente, não me deixa esquecer por que eu gosto tanto desse esporte: afinal, futebol não são apenas 22 caras correndo atrás de uma bola. Futebol é algo que se sente.

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Not Dead and Not For Sale

Se eu ainda pensasse que rockstars eram homens inatingíveis e inabaláveis, Not Dead and Not For Sale, a autobiografia de Scott Weiland, líder do Stone Temple Pilots e ex-vocalista do Velvet Revolver, teria acabado com a minha teoria. No livro, co-assinado por David Ritz, Scott se mostra tão simples e humano como qualquer um de nós e parece querer muito mais do que simplesmente contar sua trajetória no mundo da música: é como se ele procurasse por respostas para os seus próprios questionamentos e razões para perdoar a si mesmo por tantos erros cometidos ao longo dos anos. É possível dizer até que sua bem-sucedida carreira (apesar de subestimada) serve como pano de fundo para suas histórias de amor – com a música, as (poucas) mulheres e, por que não, com as drogas.

Capa dura com letras douradas e sobrecapa

O que mais estou gostando nessa brincadeira de ler biografias de cantores é que elas me ajudam a “desvendar” as músicas da banda em questão e, consequentemente, acabo amando-as mais ainda. No caso do Scott, consegui entender de onde veio a inspiração para tantas canções maravilhosas: da infância conturbada, das reflexões sem propósitos, das revoltas passageiras, do universo paralelo das drogas, das perdas irreparáveis, dos sentimentos incompreendidos, mas, principalmente, dos casos de amor mal-resolvidos e da mulher de sua vida, Mary Forsberg. Em outras palavras, ele foi capaz de transformar todas as suas frustrações e realizações em música. Algumas são perfeitas, a maioria é muito boa, outras são apenas boas e outras poucas, nem tanto. Mas todas têm aquele toque pessoal que, na minha opinião, é o principal ingrediente para canções memoráveis, que transpiram verdade.

Voltando ao livro, é fácil notar que escrever a autobiografia foi a maneira que Scott encontrou de exorcizar os seus demônios e (tentar) recomeçar do zero. Em Not Dead and Not For Sale, ele não tenta se justificar. Pelo contrário, assume todas as culpas que carrega e também se isenta daquelas que não acredita serem justas. Fala sobre os acontecimentos que marcaram sua vida e que, de alguma forma, guiaram sua história e também conta seus casos de amor e histórias inusitadas. Em resumo, o livro é um desabafo sincero. É denso e intenso ao mesmo tempo em que parece ser um bate-papo despretensioso com muitas doses de sarcasmo e senso de humor peculiar.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: fotos do casamento, journal of memories (sim, o que ele cita e que aparece em Fall to Pieces, do Velvet Revolver) e muitas fotos pessoais.

 Not Dead and Not For Sale me fez chorar como um bebê, de um jeito que nenhum outro livro já havia feito. Em partes, porque, como disse na resenha sobre a autobiografia de Anthony Kiedis, o que li naquelas páginas não era ficção. Elas aconteceram, são de verdade e fazem parte da história de alguém. Mas as maiores razões para tantas lágrimas foram a humildade e a sinceridade de Scott. A culpa, o remorso, a mágoa e o arrependimento, infelizmente, estão presentes em todo o livro e é triste pensar que também façam parte da vida do cantor. No entanto, ao final da obra, você se surpreende (e, no meu caso, se alivia) por saber que Scott acredita ainda ter muitas coisas para fazer nesse mundo. E isso me faz pensar que escrever essa autobiografia possibilitou que ele descobrisse muito mais do que as respostas que procurava: acho que encontrou a redenção ♥

“I am, I am, I said I’m not myself, but I’m not dead and I’m not for sale. Hold me closer, closer let me go. Let me be, just let me be” – de Trippin’ on a hole in a paper heart, Stone Temple Pilots

Título original: Not Dead and Not For Sale
Autor: Scott Weiland com David Ritz
Ano: 2011
Páginas: 288
Tempo de leitura: 4 dias
Avaliação: 5 estrelas

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We Die Young

O talento de Layne Staley, vocalista do Alice in Chains, era inegável: sua voz não era apenas poderosa ou afinada; tocava no fundo da alma. Ou melhor, ainda toca. No entanto, minha admiração por ele vai além disso: gosto mesmo – e muito – do contraste entre a voz forte e a aparência quase frágil; entre as músicas profundas e sombrias que era capaz de escrever e o senso de humor apurado que tinha. Parecia ser um homem tão doce quanto amargurado.

No dia 5 de abril de 2002, Layne morreu, vítima de overdose. Na época, eu não lembro de ter tomado conhecimento do fato e, se tomei, não me importei. Mas hoje, depois de conhecer mais sobre o Grunge e descobrir o Alice in Chains, eu me sinto no direito de lamentar. E o que me consola é saber que o que ele criou irá viver para sempre e ainda conquistará muitas pessoas, como eu, mesmo que com anos de atraso.

As músicas que Layne escreveu podem não ter sido o suficiente para aliviar a angústia e solidão que ele mesmo sentia. Mas tenho certeza que foram capazes de acalmar muitos outros corações inquietos.

“If I can’t be my own… I’d feel better dead”, Layne Staley – Thanks and RIP ♥

Hoje também é aniversário da morte de Kurt Cobain, vocalista do Nirvana e outro ícone do Grunge. 18 anos se passaram.

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